sábado, 20 de dezembro de 2014

Palavras aos pés


Recolho os restos dos amores,
Desilusões e corações partidos,
E transformo em verso, tudo...
Não é fuga, lamúria tampouco.
É uma partilha de sentimento,
E uma busca por alento,
Uma brisa acalentadora
Soprada dos lábios distantes,
De quem meus versos aprecia.
Não que eu suplique carinho,
Apenas inclino a cabeça,
Na direção das mãos que afagam.
Deito minhas palavras no chão,
Aos pés de quem as lê...
Coisa que não se explica,
Apenas sai do coração
E invade a um outro acolhedor.

Artur Macedo





Curtir ·  · 

Cadeira cativa


Anseio um cantinho nas tuas lembranças,
Em teu coração eu não coube, já sei...
Mas lembre-se com algum carinho,
Com saudade é pedir muito,
Não quero abusar.
Lembre-se de mim apenas
Como alguém que passou,
Mas a contragosto...
Queria mesmo é permanecer em ti,
Nos teus desejos, nas tuas vontades.
Tens uma cadeira cativa
Nos meus delírios em verso.
Sei que é pouco, muito pouco,
Mas é no coração,,,

Artur Macedo





Curtir ·  · 

As pedras


Faço-te uma solene promessa...
Retirar com todo o cuidado
As pedras do meu caminho.
Receio machucar-te,
Misturado entre elas
Pode estar teu coração.
Se o encontrar,
o colocarei à parte.
Não te condeno,
Não te atirarei pedras,
Nem corações, não mais...

Artur Macedo

Rindo do Tempo


Queria viajar no tempo
Ir e vir livremente
Nas minhas melhores lembranças
Apartadas de mim pela barreira intransponível do tempo
E tão perto, na minha memória
Doce paradoxo
Fecho os olhos e pronto
Lá estou eu de novo
Rindo do tempo
Sabendo que ele também se ri...

Artur Macedo






Sem mais

Cai a noite
Escurece o meu sorriso
Fecha-se a vidraça
Mais uma folha que se amassa
Dói a alma
Foge o encanto
O sonho se derrama
Escondo-me sobre a cama
Vem o choro
Finda a estrada
Brotam as águas
Carregadas de mágoa
Vai-se o verso
Digo mais nada
Seca-se a lágrima
Por fim viro a página

Artur Macedo

Nos teus céus

Despenquei das nuvens,
Traspassado por este olhar teu.
Me desconcertou
Desconcentrou o meu voo.
Vi um universo nas tuas retinas,
Quais janelas encantadas,
Vi o teu mundo e me perdi.
Desejei pousar ao teu lado,
Voar nos teus céus,
Neste azul profundo da tua alma,
A ternura que derramas
Com tua mirada tão doce,
De amores contidos, aprisionados.
Deixa-me tentar libertá-los,
Merecer habitar tuas vontades,
E voemos lado a lado,
Serei teu par, e teu amor...

Artur Macedo

Acalanto

No escuro da noite um canto...
Uma melodia que nem saberia dizer.
Me carregando em notas sublimes,
Como um mágico acalanto a me ninar,
Homem crescido que sou,
Visto-me de meninice.
Tateio os lábios que sussurram
A doçura que me enleva.
Doces os teus lábios...
Belíssima a tua canção.
Me leva pela noite infinda
Passageiro de teus encantos.
Desconheço cansaço,
Desprezo o passar das horas.
Teu canto a me ninar,
E eu bem desperto
Saboreando cada nota,
Tateando teus lábios...
Doces, muito.

Artur Macedo

Estremeço

Estremeço, não nego.
Mas não que me intimides,
É o sentido que me abala,
É o perfume que exalas.
Tua boca então se abre,
Permaneço todo atento,
Teu assunto me cativa,
No teu lábio o meu alento.
Anseio teu abraço,
Mas disfarço pois não devo.
O meu ímpeto eu detenho,
Ser presa do teu laço.
Vai-se o momento,
Conservo meu disfarce,
Antes não amasse,
Antes não sofresse.

Artur Macedo










Noite quente

Quente a noite passada...
Uma luta sem perdedores
Mas que luta...
Ora me vencias, ora eu
E eu que te pensava frágil

Só te contive quando deixaste
Mas quando arremetias
Dominavas sem páreo
Quando me julgava dominando
Que engano
Eras tu novamente
Eu a teu bel- prazer
Enfim te entregaste
Mas eu já não era
Me restava apenas contemplar
A maravilha que me sujeita
Sob delicados lençóis
Desfalecida de mais uma vitória
E eu? Perdido
De tanto que ganhei!

Artur Macedo

Tempos ébrios

Não temo mais tuas armas,
Já não me ferem.
Tuas armadilhas já não me apanham...
Houve um tempo
Em que me fiz refém,
Me deixei ser presa.
Tempos de inocência...
Hoje sou eu que doso a mistura
Da minha vida na tua.
O excesso de ti é embriaguez,
A míngua é amargar a sede.
Trago cicatrizes pelo corpo,
Das muitas quedas.
O amargo na boca,
De uma ressaca tamanha...
Mas já estou sóbrio
E mais sábio,
Ressabiado, diria...
De ti.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Saciedade

Apenas um pequeno poema,
De um único verso até...
Mas que descrevesse tudo.
Tudo o que se passa no meu corpo
Quando da tua presença.
E na minha cabeça...
Que gira, que dança.
Meus sentidos valseiam,
Disparam meus alarmes,
E faço aquele alarde.
Os delírios febris,
Da febre de ti.
Um verso...
Meu único verso,
A cantar esta febre,
Da abstinência de ti.
Quisera saciar-me do teu lábio,
Matar esta sede,
Esta fome do teu amor.
Me entregaria ao excesso,
Sem pudor, sem reservas.
Sem medos nem trauma,
De toda a alma...
Toda!

Artur Macedo